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Quinta-feira, 27 de Marco de 2025

Brasil

STF pode rever Lei da Anistia em julgamento sobre crimes da ditadura

Ministro Alexandre de Moraes vota por análise de repercussão geral em casos de desaparecidos políticos

La Gauche
Por La Gauche
STF pode rever Lei da Anistia em julgamento sobre crimes da ditadura
Alexandre de Moraes (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr)
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O ministro Alexandre de Moraes votou nesta sexta-feira (14) para que o Supremo Tribunal Federal (STF) avalie, sob o mecanismo de repercussão geral, os processos relacionados às mortes do ex-deputado federal Rubens Paiva e de outras duas vítimas da ditadura militar. Caso a repercussão geral seja concedida, a decisão do Supremo poderá servir como referência para tribunais estaduais, federais e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) em casos semelhantes.

Moraes, relator dos processos, argumentou que o julgamento levanta uma questão de grande relevância para os direitos humanos, devendo a Corte avaliar o tema a partir de casos concretos. A análise preliminar da aplicabilidade da repercussão geral pelos ministros do STF teve início nesta sexta-feira e deve ser concluída até o dia 21. Até o momento, apenas Moraes tornou público seu voto.

Vítimas incluídas no julgamento

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Além de Rubens Paiva, desaparecido após ser preso por militares em 1971, o julgamento inclui os seguintes casos:

  • Mário Alves de Souza Vieira – Fundador do Partido Comunista Revolucionário (PCR), foi sequestrado em janeiro de 1970 e nunca mais encontrado.
  • Helder José Gomes Goulart – Morto pelo regime militar, teve sua ossada localizada em 1992 no Cemitério de Perus, em São Paulo. O Ministério Público Federal (MPF) busca responsabilizar um legista que ocultou as reais causas de sua morte.

O principal debate jurídico envolve a aplicação da Lei da Anistia de 1979, que concedeu perdão aos crimes cometidos por agentes do Estado durante a ditadura. As ações questionam se a anistia pode ser aplicada a crimes considerados permanentes, como sequestro e ocultação de cadáver, e se a norma está em desacordo com tratados internacionais de direitos humanos assinados pelo Brasil.

Possível reavaliação da Lei da Anistia

Em 2010, o STF decidiu manter a validade da Lei da Anistia, impedindo a punição de agentes do regime militar responsáveis por crimes contra opositores políticos. Entretanto, nesta semana, a Corte formou maioria para reconsiderar se a lei pode abranger casos de ocultação de cadáver, o que pode abrir caminho para uma revisão do entendimento firmado há 14 anos.

Em seu voto, Moraes destacou a relevância do julgamento, afirmando que os casos em análise permitem uma nova abordagem sobre o tema. “Dessa maneira, os casos presentes tangenciam matéria de grande relevância para a pauta dos direitos humanos, permitindo que agora o Supremo Tribunal Federal avalie a questão a partir da perspectiva de casos concretos”, escreveu o ministro.

Se o STF decidir reverter sua posição, o julgamento poderá estabelecer um novo marco na responsabilização de crimes cometidos durante a ditadura militar, com impacto significativo na Justiça brasileira.

FONTE/CRÉDITOS: 247
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