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Sabado, 19 de Abril de 2025

Brasil

Rei do lixo articulou cargos em BH e pediu Secretaria de Educação, aponta PF

Conversas obtidas na Operação Overclean indicam que empresário José Marcos Moura negociou diretamente com o então prefeito Fuad Noman

La Gauche
Por La Gauche
Rei do lixo articulou cargos em BH e pediu Secretaria de Educação, aponta PF
Marcos Moura, o "Rei do Lixo" (Foto: Reprodução/Instagram)
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Mensagens apreendidas pela Polícia Federal (PF) revelam que o empresário José Marcos de Moura, conhecido como Rei do Lixo, atuou nos bastidores para influenciar a nomeação de cargos na Prefeitura de Belo Horizonte (MG), especialmente na Secretaria de Educação. As informações constam em decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) e foram publicadas inicialmente pela coluna de Fábio Serapião no portaMetrópoles.

Moura, que chegou a ser preso na terceira fase da Operação Overclean, é apontado pela PF como um dos líderes de um esquema que desviou milhões de reais por meio de contratos públicos viabilizados com emendas parlamentares. Ele é também figura de destaque na cúpula nacional do partido União Brasil.

De acordo com a decisão do ministro Kassio Nunes Marques, relator da Overclean no STF, mensagens encontradas no celular de Moura mostram uma intensa articulação com o então prefeito de BH, Fuad Noman, morto no fim de março. As conversas tratam da formação do secretariado após a vitória eleitoral de Fuad em 2024. Inicialmente, o prefeito teria oferecido ao empresário as secretarias de Combate à Fome e Mobilidade Social, mas Moura insistiu em ficar com a Secretaria de Educação — cargo que acabou sendo ocupado por Bruno Barral, recentemente afastado por ordem judicial.

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“A representação aponta, por fim, possível interferência da organização criminosa na Prefeitura de Belo Horizonte”, diz trecho da decisão. “Aduz a autoridade policial, a propósito, que a análise do celular apreendido em poder de Marcos Moura revelou conversas, por meio do WhatsApp, com o prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman, sobre a formação das novas secretarias do município.”Segundo os investigadores, a insistência de Moura foi tamanha que Fuad chegou a pedir que ele “abra mão” da indicação. Em resposta, Moura afirmou que precisava consultar o presidente nacional do União Brasil, Antônio Rueda, e o ex-prefeito de Salvador ACM Neto. “Durante a negociação, Fuad Noman pede que Marcos Moura ‘abra mão’ do governo, ao que Marcos solicita tempo para consultar Antônio Rueda [...] e ACM Neto, demonstrando a articulação política de alto nível do grupo”, registra a decisão.

O afastamento de Bruno Barral, que ocupava a Secretaria de Educação até o último dia 3 de abril, marcou a ampliação da operação contra quadros políticos do União Brasil. Como revelou a colunista Mirelle Pinheiro, a nova fase da Overclean mira diretamente aliados da legenda, agora sob a jurisdição do STF devido ao envolvimento do deputado federal Elmar Nascimento (União-BA), também investigado.A Operação Overclean teve início após denúncias de desvios em contratos firmados entre empresas ligadas aos irmãos Alex e Fabio Parente e órgãos públicos. Uma dessas empresas, a Allpha Pavimentações, recebeu ao menos R$ 67 milhões do governo federal entre 2021 e 2024, por meio de recursos oriundos do chamado "orçamento secreto".Os pagamentos começaram em junho de 2021, ainda durante o governo Bolsonaro, e se estenderam até julho de 2024, já sob a gestão do presidente Lula. 

A suspeita é que parte desses recursos tenha sido destinada a obras superfaturadas ou nunca executadas.A investigação tomou novos rumos após a apreensão de documentos durante uma ação controlada da PF, em 3 de dezembro de 2024. Na ocasião, Alex Parente viajava de Salvador para Brasília acompanhado de Lucas Maciel Lobão Vieira, ex-chefe do DNOCS na Bahia. Ambos foram flagrados com o que a PF chamou de “contabilidade clandestina” do grupo.Sete dias depois, foi deflagrada a primeira fase da Overclean. 

A segunda etapa, em 23 de dezembro, prendeu um policial federal, o vice-prefeito de Lauro de Freitas (BA), Vidigal Cafezeiro Neto, o secretário de Mobilidade Urbana de Vitória da Conquista (BA), Lucas Dias, e Carlos André Coelho, apontado como operador do grupo criminoso.Com o avanço das investigações, o caso foi remetido ao STF em janeiro deste ano, após surgirem indícios do envolvimento do deputado Elmar Nascimento.

A Prefeitura de Belo Horizonte informou, por nota, que Bruno Barral foi exonerado da Secretaria de Educação no dia 3 de abril. A defesa de José Marcos Moura não respondeu aos contatos da reportagem.

FONTE/CRÉDITOS: 247
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