Na manhã desta quarta-feira (13), a Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão no gabinete e em endereços particulares do vereador afastado Pablo Melo (MDB), em Porto Alegre. A ação faz parte dos desdobramentos da Operação Capa Dura, que investiga um suposto esquema de corrupção envolvendo a Secretaria Municipal da Educação (Smed) da capital gaúcha. O vereador, que é filho do prefeito Sebastião Melo (MDB), não teve seu nome envolvido diretamente nas investigações, mas teve seu mandato suspenso por 180 dias.
Agentes da 1ª Delegacia de Combate à Corrupção do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) chegaram à Câmara Municipal de Porto Alegre por volta das 9h. No local, a operação foi realizada de maneira sigilosa e durou cerca de uma hora e meia. Antes de chegar ao gabinete do vereador, os policiais também estiveram na residência de Pablo Melo, localizada na Zona Sul da cidade.
Max Otto Ritter, delegado da operação, detalhou que a investigação apura delitos licitatórios, além de suspeitas de lavagem de dinheiro, associação criminosa, corrupção ativa e passiva. "É formação de prova. Na verdade, nós investigamos delitos licitatórios e, além dos delitos licitatórios, também supostamente lavagem de dinheiro, associação criminosa, corrupção ativa e corrupção passiva", explicou Ritter.
Pablo Melo, que foi afastado pela Vara de Lavagem de Dinheiro de Porto Alegre, declarou surpresa com a decisão judicial, mas afirmou confiar na justiça e que está à disposição das autoridades para os devidos esclarecimentos. "Estou absolutamente à disposição das autoridades para qualquer tipo de esclarecimento. Confio na justiça e tenho certeza de que todos os fatos serão apurados o mais rápido possível. O maior interessado que isso aconteça sou eu", disse o vereador em nota.
Desdobramentos da Operação Capa Dura
A Operação Capa Dura já resultou em outras ações, incluindo o cumprimento de mandados de afastamento e prisão de pessoas envolvidas em um esquema de corrupção na Smed. Na terça-feira (12), dois suspeitos foram presos, e outros dois afastados de suas funções públicas. Entre os detidos estão Reginaldo Bidigaray, ocupante de Cargo em Comissão (CC) na Procuradoria-Geral do Município (PGM), e o advogado Maicon Callegaro Morais, que já teve funções no Departamento Municipal de Habitação (Demhab).Com informações da G1RS
Os afastados incluem o ex-vereador Alexandre Bobadra (PL) e Mateus Viegas Schonhofen, que ocupa um cargo de confiança na PGM e é tesoureiro do MDB em Porto Alegre. Ambos foram afastados por 180 dias.
A Prefeitura de Porto Alegre, por meio de nota oficial, afirmou que tomou as primeiras medidas investigativas já em junho de 2023, a partir de uma determinação do próprio prefeito Sebastião Melo. "A gestão repudia qualquer malfeito com dinheiro público e seguirá atuando em plena colaboração com as investigações", diz a nota.
O que está sendo investigado
As investigações começaram após denúncias de possíveis fraudes licitatórias na Smed. A apuração inicial revelou que houve um desperdício de material escolar armazenado em depósitos e escolas da cidade. Em seguida, foi identificado o suposto direcionamento de compras da Secretaria para um grupo econômico específico. Entre as negociações suspeitas, destacam-se a venda de 500 mil livros didáticos e de literatura e a aquisição de 104 laboratórios de ciências e matemática, totalizando R$ 43,2 milhões.
A Polícia Civil investiga se houve vantagens indevidas para agentes públicos em troca da concretização dessas transações. A apuração também busca identificar a possível participação de membros da prefeitura e do sistema educacional em um esquema de corrupção que teria favorecido empresas específicas em contratos milionários.
Reações das defesas
A defesa de Mateus Viegas Schonhofen afirmou que ainda não teve acesso aos autos da investigação, enquanto a defesa de Reginaldo Bidigaray também se manifestou, dizendo que aguardam acesso ao processo para fornecer esclarecimentos. Já a defesa de Maicon Callegaro Morais classificou a prisão como "prematura e descabida", e a de Alexandre Bobadra indicou que irá analisar os documentos para entender o envolvimento do ex-vereador no caso.
A operação segue em andamento, e novas diligências podem ser realizadas conforme o avanço das investigações. Com informações da G1RS
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