A Polícia Civil de São Paulo indiciou por tentativa de homicídio o soldado da Polícia Militar Luan Felipe Alves Pereira, de 29 anos, acusado de ter arremessado um motociclista de uma ponte na Cidade Ademar, zona sul da capital, no início de dezembro de 2024. A informação foi publicada pela Folha de S.Paulo nesta segunda-feira (7).
O caso ganhou repercussão após a divulgação de imagens que mostram o momento exato em que o PM empurra o homem de cima de uma ponte, em direção a um córrego na região da Vila Clara. Desde o dia 5 de dezembro, Pereira encontra-se em prisão preventiva no Presídio Militar Romão Gomes, localizado na zona norte da cidade. Na última segunda-feira, ele foi interrogado no local, mas preferiu permanecer em silêncio, afirmando que "só falará em juízo".
Segundo a Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP), o inquérito está em fase final de tramitação e deverá ser encaminhado ao Judiciário nos próximos dias. “Nesta segunda-feira (7), policiais da 2ª Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco) realizaram a oitiva do policial que permanece detido no Presídio Militar Romão Gomes. Outros 12 policiais seguem afastados das atividades operacionais”, informou a SSP. O Inquérito Policial Militar (IPM) já foi concluído e entregue à Justiça Militar, mas o processo disciplinar ainda está em andamento.
A decisão que decretou a prisão preventiva do soldado aponta diversas irregularidades na conduta do PM, desde o início da ocorrência. De acordo com o tribunal, Pereira deu início à ação após contatar um civil que trabalha em uma seguradora para verificar se havia motos roubadas com rastreamento ativo na região. Essa ligação, segundo a decisão judicial, teria motivado a abordagem ao motociclista.
“Ouvido em sede inquisitorial, acompanhado de advogado constituído, o representado declarou que, ao iniciar o serviço, contatou um civil que trabalha em uma seguradora para verificar se havia veículo produto de roubo com rastreamento ativo na região de patrulhamento. Segundo ele, foi informado sobre uma motocicleta Yamaha, o que motivou o deslocamento para sua apreensão”, destaca o despacho judicial.
O juiz substituto da Justiça Militar, Fabrício Alonso Martinez Della Pachoa, observou ainda que o policial não registrou adequadamente os fatos da noite nem informou o destino dado à motocicleta apreendida. O magistrado pontuou que, além da agressão, há indícios de outros crimes militares.
Durante a audiência de custódia, o advogado de Pereira, Wanderley Alves, pediu a revogação da prisão alegando que o soldado vinha cumprindo expediente na Corregedoria da corporação e que, até aquele momento, a investigação tratava o caso como lesão corporal e violência arbitrária. A promotora Mariana Padulla de Souza, do Ministério Público, refutou os argumentos, e a prisão foi mantida pelo juiz.
Pereira integra a PM há oito anos e já foi investigado em pelo menos dois outros IPMs — em 2019 e 2020 — por supostos crimes cometidos enquanto atuava em unidades da zona sul de São Paulo.
Os policiais envolvidos na operação pertencem à equipe da Rocam (Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas) do 24º Batalhão da PM, sediado em Diadema. Eles relataram, no boletim de ocorrência, que o local da abordagem era “área de risco” devido à ocorrência frequente de bailes funk, mas omitiram a informação de que o homem foi lançado da ponte.
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