Seis agências das Nações Unidas emitiram, nesta terça-feira (8), uma declaração conjunta exigindo a retomada imediata do cessar-fogo na Faixa de Gaza, diante do que classificam como uma crise humanitária “sem precedentes”. A informação foi publicada pela rede HispanTV. As entidades denunciam o agravamento da fome e a ausência quase total de ajuda humanitária desde que Israel rompeu, no dia 18 de março, a trégua acordada com o movimento de resistência Hamas.
“Por mais de um mês, nenhum suprimento comercial ou humanitário entrou em Gaza”, afirmam os chefes das agências, que incluem o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a Agência da ONU para Refugiados da Palestina (UNRWA), o Programa Mundial de Alimentos (PMA), a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Organização Internacional para as Migrações (OIM) e o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), além do UNOPS. “Mais de 2,1 milhões de pessoas estão presas, bombardeadas e morrendo de fome novamente”, continua o documento.
O bloqueio imposto por Israel tem impedido a entrada de alimentos, medicamentos, combustíveis e itens básicos de sobrevivência, mesmo com estoques parados em pontos de travessia. Os dirigentes das agências pedem aos líderes mundiais que atuem “com firmeza, urgência e decisão” para garantir o respeito ao direito internacional humanitário, inclusive a proteção dos civis, a libertação de reféns e a imediata cessação das hostilidades.
A ONU denuncia também os constantes ataques israelenses a instalações civis, como escolas e centros de saúde, que têm se tornado alvos frequentes. Em um dos episódios mais recentes, ao menos 29 pessoas morreram após um bombardeio contra uma escola que abrigava civis deslocados na Cidade de Gaza.
Os dados divulgados são alarmantes. Só na primeira semana após o rompimento do cessar-fogo, pelo menos mil crianças palestinas foram mortas ou feridas, configurando o maior número de vítimas infantis em um único período semanal desde o início da ofensiva israelense, em outubro de 2023.
“Estamos testemunhando atos de guerra em Gaza que mostram um total desrespeito pela vida humana”, afirmam os signatários da nota. A situação afeta também os próprios trabalhadores humanitários. Segundo a declaração, desde o início da ofensiva mais de 408 deles foram mortos, sendo mais de 280 da UNRWA. “Neste genocídio causado pelo regime usurpador israelense, ninguém está seguro”, diz o comunicado.
Desde 7 de outubro de 2023, segundo os dados das Nações Unidas, mais de 50.700 palestinos foram mortos — a maioria mulheres e crianças — em consequência dos bombardeios e ações militares israelenses. O número de feridos já ultrapassa os 120 mil.
Com a nova escalada de violência iniciada por Israel em 18 de março, aproximadamente 1.391 pessoas foram mortas e ao menos 3.434 feridas, enquanto cerca de 400 mil palestinos foram forçados a deixar suas casas. Ainda segundo a ONU, as escolas continuam sendo alvos frequentes de ataques, o que agrava a situação de milhares de famílias que as utilizavam como abrigos.
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu tem dado ordem para manter os ataques, enquanto o movimento Hamas, que governa a Faixa de Gaza, apelou aos países mediadores que pressionem Israel a cumprir o cessar-fogo e parem com as violações sistemáticas dos acordos. O grupo advertiu que os crimes contínuos do regime sionista terão graves repercussões.
A pressão das agências das Nações Unidas reflete a crescente inquietação internacional diante da inação dos grandes poderes frente à tragédia em curso. A declaração representa um chamado contundente por uma ação imediata da comunidade internacional para deter o genocídio em Gaza e garantir proteção e socorro às vítimas civis.
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