O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é hoje o maior financiador de energia renovável do mundo, com uma carteira de ativos superior a R$ 200 bilhões. A informação foi destacada por Luciana Costa, diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudanças Climáticas da instituição, em entrevista à IstoÉ Dinheiro. Segundo ela, o banco tem atuado para escalar novas tecnologias e destravar projetos estratégicos da chamada “indústria verde” no Brasil.
“O desafio e grande foco do banco agora é destravar os projetos de hidrogênio verde, aço verde, fertilizante verde, combustível sustentável de aviação e biometano”, afirmou Costa. Ela destacou que o BNDES tem papel essencial para viabilizar o avanço dessas tecnologias e defendeu que o banco atue, mais uma vez, como indutor de políticas públicas — assim como fez, em décadas anteriores, ao financiar o desenvolvimento do etanol e da geração de energia solar, eólica e hidráulica no país.
De acordo com a diretora, o banco pretende repetir o modelo de fomento a novas tecnologias, assumindo parte dos riscos para atrair o setor privado. “Não é fácil. Mas no momento em que o BNDES resolve bancar um projeto, a percepção de risco muda para os investidores”, afirmou. Ela acrescentou que, sozinhos, nem o governo nem o setor privado conseguirão realizar a transição energética: será necessário planejamento aliado a políticas públicas.
Luciana Costa reconhece que o processo envolve riscos tecnológicos e financeiros, especialmente pelo estágio inicial de muitas dessas soluções sustentáveis. “Tecnologias mais caras ainda não foram escaladas. Estamos nos debruçando para construir eficiência nessas novas soluções”, disse.
Outro desafio citado pela diretora é o custo elevado do crédito, em um contexto de taxas de juros ainda altas no país. Mesmo assim, ela acredita que o Brasil tem todas as condições para assumir um protagonismo global. “Temos a capacidade de liderar a transição energética, mais ainda. E temos todas as fontes verdes”, afirmou.
A diretora do BNDES também destacou que a maior parte do financiamento para a transição energética virá do setor privado. “A projeção é de que entre 60% e 70% venha do setor privado. Financiamento de filantropia não deve chegar a 40%”, estimou.
Costa alertou ainda para o risco de distorções de subsídios, com projetos sendo implementados em locais inadequados. Nesse ponto, ela vê o Brasil em posição estratégica. “O cenário geopolítico é complexo, atrasa a transição do mundo, que precisa de mais energia e que não consegue diminuir a adição de fóssil. Para o mundo é um problema. Mas temos essa neutralidade que nos coloca e nos posiciona bem.”
Por fim, ela lembrou que o Brasil é o maior exportador líquido de alimentos do mundo, o que reforça sua importância também na segurança alimentar global. “Somos importantes não só para a segurança energética do mundo, mas para a segurança alimentar”, concluiu.
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