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Sabado, 15 de Fevereiro de 2025

Brasil

Áudios mostram que maioria do alto comando militar não aderiu ao golpe

Conversas interceptadas pela PF expõem discordâncias internas e indicam tentativa de manipulação no Ministério da Defesa para viabilizar um golpe

La Gauche
Por La Gauche
Áudios mostram que maioria do alto comando militar não aderiu ao golpe
Bolsonaro participa das comemorações do Dia do Exército, em Brasília (Foto: REUTERS/Adriano Machado
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Áudios obtidos pela Polícia Federal (PF) revelaram a resistência da alta cúpula do Exército a aderir às articulações golpistas promovidas por integrantes do governo de Jair Bolsonaro no final de 2022, após a derrota eleitoral do então presidente. A apuração foi divulgada pelo jornal O Globodestacando as conversas que evidenciam a falta de apoio entre os 16 generais que formam o Alto Comando da Força.

Em uma mensagem interceptada, o coronel reformado Reginaldo Vieira de Abreu, que atuava como assessor no Palácio do Planalto no governo Bolsonaro, lamenta a postura do Exército. “Cinco não querem, três querem muito e os outros zona de conforto. Infelizmente. A lição que a gente deu para a esquerda é que o Alto Comando tem que acabar”, disse Vieira de Abreu, que à época era chefe de gabinete do general Mario Fernandes, então secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência.

Mario Fernandes é um dos 37 investigados pela PF no inquérito que apurou a tentativa de golpe. De acordo com a polícia, ele foi responsável pela elaboração do plano “Punhal verde e amarelo”, que incluía o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

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Plano para trocar o Ministério da Defesa

Em outra mensagem interceptada, Fernandes sugeriu ao então presidente Bolsonaro a troca no comando do Ministério da Defesa para superar a resistência do Exército. A ideia era recolocar o general Walter Braga Netto, ex-ministro e candidato a vice na chapa de reeleição de Bolsonaro, no lugar de Paulo Sérgio Nogueira. “Bota de novo o general Braga Netto lá. O general Braga Netto tá indignado, porra, ele vai ter um apoio mais efetivo”, declarou Fernandes em áudio enviado a Marcelo Câmara, assessor especial de Bolsonaro, em 10 de novembro de 2022.

As investigações da PF indicam que os comandantes do Exército e da Aeronáutica no governo passado rejeitaram apoiar iniciativas golpistas em reuniões com Bolsonaro. Apenas o então chefe da Marinha, almirante Almir Garnier, teria demonstrado apoio a um eventual golpe.

Resistência nas Forças Armadas

Desde que surgiram denúncias de envolvimento de militares em ameaças à democracia, o Ministério da Defesa tem defendido a individualização das condutas. “Os indícios são sobre CPFs, e não sobre CNPJs. Nesse tempo, o que ficou provado em relação às Forças Armadas foi a capacidade de ajudar a resolver os problemas do país”, afirmou o ministro da Defesa, José Mucio, ao O Globo.

O ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes relatou à PF que, durante uma reunião no Palácio da Alvorada, Bolsonaro apresentou a ele duas versões de uma minuta do golpe, enfatizando que o plano deveria ser implementado. Freire Gomes afirmou que ameaçou prender o ex-presidente caso insistisse na execução do golpe.

Já o então comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Júnior, disse em depoimento que a recusa do Exército foi crucial para impedir que os planos golpistas avançassem. “Se o Exército tivesse apoiado, o golpe provavelmente teria ocorrido”, declarou Baptista Júnior.

As revelações reforçam a divisão dentro das Forças Armadas e apontam que a resistência de setores importantes foi determinante para frustrar as articulações golpistas, ainda que o episódio tenha deixado marcas profundas no cenário político brasileiro. Com informações 247
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