A cidade de Villa Rica, hoje localizada no departamento de Guiará, em território paraguaio, mudou-se sete vezes até seu estabelecimento atual e consolidado. Fundada em 1570 por espanhóis, estava assentada no que atualmente é o estado do Paraná. A pressão dos bandeirantes obrigou a população a se transladar cada vez mais para o oeste e Villa Rica ganhou o apelido de “cidade itinerante”.
Fenômeno semelhante ocorre com Santa Rosa, que se move para o Centro-Oeste sem sair do lugar, entretanto. A música sertaneja predomina, o tererê substitui o chimarrão e as grandes caminhonetes se impõem nas ruas. Conduzem-nas homens rudes que em tudo se assemelham a latifundiários monocultores de Sinop, exceto pelo fato de não possuírem terras. Mas é apenas um detalhe.
Na zona urbana de Santa Rosa, as construções antigas são destruídas para dar lugar aos prédios novos, porém feios, apagando o passado para fundar uma espécie de Santa Rosanópolis. Pouco importa a realidade do município ter base industrial e minifúndios de policultura. A soja foi decretada como o motor da economia local. Até mesmo a ferrovia foi extinta pois, tal qual no Centro-Oeste, a riqueza deve ser transportada por rodovias.
E a destruição das florestas? Aqui não tem selva equatorial, mas sempre sobra uma área verde, ainda que urbana, para passar na motosserra. Se o mato local é ralo, o indivíduo é mais grosso para compensar. Pouco mato e muitos grossos.
Assim, Santa Rosa é movida para fora do Rio Grande do Sul. Somente alguns quilombolas e indígenas ainda resistem ao projeto da elite local. Os inimigos do desenvolvimento serão deportados, juntamente com a cidade, para o Centro-Oeste.
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